E então galera, voltei. Eu entrei em uma depressão para postar aqui, porque minha câmera (que tinha comprado há uma semana), quebrou. Depois de muita briga na loja, estou com uma nova em folha.
Faz duas semanas que chegaram os outros intercambistas: Geraldo, de Minas Gerais; Verônica, de algum lugar Paraná; Itzel, do México; e Rebeca, da China. Já nos mudamos para nossa nova casa. Tivemos pequenos probleminhas para ver qual quarto ficava com quem, mas no final tá tudo bem, hahahaha. Eles são boas pessoas, e muito engraçadas também!
Bem, as aulas já começaram. Duas segundas-feiras atrás, era a inauguração. Fomos e, não tinha inauguração, era para já começar a ensinar as crianças. E eu de calça jeans, ensinando as crianças a quicar a bola em espanhol. Ok. Conheci o professor de basquete também, e a gente dividiu a turma, em que os mais novinhos ficaram comigo. Eles são muito curiosos sobre o Brasil, me perguntam que tipo de animais têm aí, que tipo de luta, moeda, me pedem para falar português e tudo mais. Acho que gostaram de mim, principalmente a mãe de um dos alunos. Ela de fez em quando leva café da manhã para mim no treino, hahaha. Já me deu uma banana, milho, e uma espécie de enroladinho de salsicha com queijo.
(Como o professor de vôlei acha que é o meu nome)
(turma de vôlei)
Como o tempo de basquete é muito curto, me pediram para ajudar a Verônica no vôlei. Acontece que ela também só chegava uma semana depois de iniciadas as aulas, então, tive que ir sozinho. Apresentei-me para as crianças, como de costume. No vôlei as crianças são mais falantes, acho que é porque a maioria é menina, e estas tendem a se comunicar mais, sei lá. Minha primeira aula de vôlei foi no meu aniversário e elas me deram parabéns. Também nesse dia, foi a primeira vez que deu sol e os vulcões da região puderam ser vistos no ano: Misty, Picchu Picchu e Chachani. Em quíchua, língua indígena prevalecente no Peru, Misty significa Senhor, Picchu Picchu, Picos, e Chachani, Senhora. O maior vulcão deles, adivinha quem é? Chachani, hahaha. Picchu Picchu tem esse nome porque há milhões de anos atrás ele explodiu, causando uma das maiores erupções da Terra, e o resultado foi uma escala de montanhas cheia de pontas. Chachani é o único dos vulcões que a neve nunca se acaba, pois sua altura beira aos 6000 metros de altitude. Misty é o vulcão mais conhecido, e se pode escalar também.
Enfim, voltando ao tema do vôlei: eu, conversando com o professor, e ele diz: ah, agora vamos ensinar a fazer aquecimento, a sacar, a dar manchete, a levantar a bola, se faz assim, assim e assim, mas você sabe né?
Sim, claro que sim. (momento de desespero)
Usei toda minha criatividade para fazer o aquecimento, e funcionou. Na hora de ensinar a fazer os movimentos, deu para dar uma enrolada. No final, expliquei para ele que quem ia realmente ensinar vôlei não tinha chegado ainda, e eu estava lá para dar uma ajuda. Tudo tranquilo, afinal de contas.
Fim de semana, e chegava a hora do Congreso Nacional de Verando da AIESEC Perú. É um congresso que reúne todos os comitês do país e suas maiores autoridades, dentre eles os representantes nacionais, para conversarem sobre o desempenho do ano anterior, fazer premiações, e planejamentos para esse ano. Chegando lá, por duas vezes isso se passou: estamos eu, Geraldo, Verônica e/ou Túlio conversando com alguém, e do nada falam: Você sabe da onde eu sou? Eu sou brasileiro (a). Acontece que uma trainee da AIESEC da cidade de Cusco (aquela perto de Machu Picchu, para os desavisados), era brasileira, do Paraná também. E o Chair (seria como o apresentador de todo o congresso, e faz algumas palestras também), que é vice-presidente de uma das áreas da AIESEC na Colômbia, também era brasileiro! Seu sotaque, em minha opinião, era perfeitamente colombiano. Alguns nativos daqui perceberam a diferença, mas outros nem sequer sabiam que ele não era colombiano.
O evento foi num Hotel 5 estrelas aqui em Arequipa mesmo. Foi muito bom! Lá tinham lhamas e alpacas também. De início, fiquei com medo de levar uma cuspida na cara, mas depois consegui fazer carinho em uma, sem acidentes. Foi muito interessante conhecer pessoas de diferentes partes do país, nos chamando para visitar a suas cidades, como Lima, Piura e Cusco.
Acabado o fim de semana, chega a Rebeca, de Hong Kong. Ela é chinesa, mas vive em Londres, então está acostumada com os costumes ocidentais. Aqui na casa ainda não tem internet, mas no geral está tudo bem.
Nesse fim de semana, fomos ao conhecido Valle del Colca. Sinceramente, recomendo. Recomendo mesmo. É o local mais alto do Peru que se chega, creio. A altura máxima chega a 4910 metros. Logo no começo do sábado, um amigo nosso nos liga dizendo a cidade de lá tinha sofrido uma nevasca, e ficaria sem luz por uma semana. Ligamos para a agência de turismo e pensamos em desistir, mas eles acharam um hotel com luz para a gente, e então fomos.
No caminho, o guia nos explicou mais sobre a história pré-inca, inca e colonial, e também sobre as diferenças entre lhamas e alpacas. Agora sei que, em uma das paradas, o bicho que cuspiu na minha cara enquanto eu tentava tirar uma foto era uma alpaca, e não uma lhama. Bicho mal humorado.
(a revoltada)
No ponto mais alto do vale pudemos ver neve. Joguei no olho do Túlio. Juro que foi sem querer. Aqui um vídeo no ponto mais alto, e uma explicação sobre uma lenda, que não lembro no nome. Os pré-incas, bem como o povo inca, tinha fascínio por altura. Ambos com a ideia de alcançar aos seus deuses, mas deuses diferentes. Para o povo pré-inca, os deuses eram os vulcões (seus túmulos são voltados em direção aos vulcões); para os incas, era o sol (seus túmulos são voltados para o Leste, ou seja, para onde o sol nasce); ambos são feitos no ponto mais alto possível, mas com diferenças também. Os pré-incas faziam tumbas individuais, e só da classe mais importante do seu povo. Os incas, tumbas coletivas, para diversas classes sociais, creio.
(paisagem do vale)
Chegamos ao vilarejo de Chivay, uma palavra em quíchua que significa: lugar de se fazer amor. Vimos uma festa típica da região pela noite, e no dia seguinte às 5 da manhã, nos acordamos para ver outros vilarejos e pelo que é conhecido o vale: A Cruz do Condor. É um local muito alto, onde se pode ver condores voando bem perto. Sem sorte como nós, passaram de longe e muito brevemente. De qualquer forma, valeu muito a pena irmos para lá! É um local cheio de cultura, riqueza e tradição. Próximos destinos: NAZCA E MACHU PICCHU!
(nieve)
(too hardcore)
(túmulo pré-inca)
(dança típica de região)
(Vale)