quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Oi gente.

 E então galera, voltei. Eu entrei em uma depressão para postar aqui, porque minha câmera (que tinha comprado há uma semana), quebrou. Depois de muita briga na loja, estou com uma nova em folha.
                Faz duas semanas que chegaram os outros intercambistas: Geraldo, de Minas Gerais; Verônica, de algum lugar Paraná; Itzel, do México; e Rebeca, da China. Já nos mudamos para nossa nova casa. Tivemos pequenos probleminhas para ver qual quarto ficava com quem, mas no final tá tudo bem, hahahaha. Eles são boas pessoas, e muito engraçadas também!
                Bem, as aulas já começaram. Duas segundas-feiras atrás, era a inauguração. Fomos e, não tinha inauguração, era para já começar a ensinar  as crianças. E eu de calça jeans, ensinando as crianças a quicar a bola em espanhol. Ok. Conheci o professor de basquete também, e a gente dividiu a turma, em que os mais novinhos ficaram comigo. Eles são muito curiosos sobre o Brasil, me perguntam que tipo de animais têm aí, que tipo de luta, moeda, me pedem para falar português e tudo mais. Acho que gostaram de mim, principalmente a mãe de um dos alunos. Ela de fez em quando leva café da manhã para mim no treino, hahaha. Já me deu uma banana, milho, e uma espécie de enroladinho de salsicha com queijo.


(Como o professor de vôlei acha que é o meu nome)

(turma de vôlei)

                Como o tempo de basquete é muito curto, me pediram para ajudar a Verônica no vôlei. Acontece que ela também só chegava uma semana depois de iniciadas as aulas, então, tive que ir sozinho. Apresentei-me para as crianças, como de costume. No vôlei as crianças são mais falantes, acho que é porque a maioria é menina, e estas tendem a se comunicar mais, sei lá. Minha primeira aula de vôlei foi no meu aniversário e elas me deram parabéns. Também nesse dia, foi a primeira vez que deu sol e os vulcões da região puderam ser vistos no ano: Misty, Picchu Picchu e Chachani. Em quíchua, língua indígena prevalecente no Peru, Misty significa Senhor, Picchu Picchu, Picos, e Chachani, Senhora. O maior vulcão deles, adivinha quem é? Chachani, hahaha. Picchu Picchu tem esse nome porque há milhões de anos atrás ele explodiu, causando uma das maiores erupções da Terra, e o resultado foi uma escala de montanhas cheia de pontas. Chachani é o único dos vulcões que a neve nunca se acaba, pois sua altura beira aos 6000 metros de altitude. Misty é o vulcão mais conhecido, e se pode escalar também.
                Enfim, voltando ao tema do vôlei: eu, conversando com o professor, e ele diz: ah, agora vamos ensinar a fazer aquecimento,  a sacar, a dar manchete, a levantar a bola, se faz assim, assim e assim, mas você sabe né?
                Sim, claro que sim. (momento de desespero)
                Usei toda minha criatividade para fazer o aquecimento, e funcionou. Na hora de ensinar a fazer os movimentos, deu para dar uma enrolada. No final, expliquei para ele que quem ia realmente ensinar vôlei não tinha chegado ainda, e eu estava lá para dar uma ajuda. Tudo tranquilo, afinal de contas.
                Fim de semana, e chegava a hora do Congreso Nacional de Verando da AIESEC Perú. É um congresso que reúne todos os comitês do país e suas maiores autoridades, dentre eles os representantes nacionais, para conversarem sobre o desempenho do ano anterior, fazer premiações, e planejamentos para esse ano. Chegando lá, por duas vezes isso se passou: estamos eu, Geraldo, Verônica e/ou Túlio conversando com alguém, e do nada falam: Você sabe da onde eu sou? Eu sou brasileiro (a). Acontece que uma trainee da AIESEC da cidade de Cusco (aquela perto de Machu Picchu, para os desavisados), era brasileira, do Paraná também. E o Chair (seria como o apresentador de todo o congresso, e faz algumas palestras também), que é vice-presidente de uma das áreas da AIESEC na Colômbia, também era brasileiro! Seu sotaque, em minha opinião, era perfeitamente colombiano. Alguns nativos daqui perceberam a diferença, mas outros nem sequer sabiam que ele não era colombiano.
                O evento foi num Hotel 5 estrelas aqui em Arequipa mesmo. Foi muito bom! Lá tinham lhamas e alpacas também. De início, fiquei com medo de levar uma cuspida na cara, mas depois consegui fazer carinho em uma, sem acidentes. Foi muito interessante conhecer pessoas de diferentes partes do país, nos chamando para visitar a suas cidades, como Lima, Piura e Cusco.
                Acabado o fim de semana, chega a Rebeca, de Hong Kong. Ela é chinesa, mas vive em Londres, então está acostumada com os costumes ocidentais.  Aqui na casa ainda não tem internet, mas no geral está tudo bem.
                Nesse fim de semana, fomos ao conhecido Valle del Colca. Sinceramente, recomendo. Recomendo mesmo. É o local mais alto do Peru que se chega, creio. A altura máxima chega a 4910 metros. Logo no começo do sábado, um amigo nosso nos liga dizendo a cidade de lá tinha sofrido uma nevasca, e ficaria sem luz por uma semana. Ligamos para a agência de turismo e pensamos em desistir, mas eles acharam um hotel com luz para a gente, e então fomos.
                No caminho, o guia nos explicou mais sobre a história pré-inca, inca e colonial, e também sobre as diferenças entre lhamas e alpacas. Agora sei que, em uma das paradas, o bicho que cuspiu na minha cara enquanto eu tentava tirar uma foto era uma alpaca, e não uma lhama. Bicho mal humorado.



(a revoltada)

                No ponto mais alto do vale pudemos ver neve. Joguei no olho do Túlio. Juro que foi sem querer. Aqui um vídeo no ponto mais alto, e uma explicação sobre uma lenda, que não lembro no nome. Os pré-incas, bem como o povo inca, tinha fascínio por altura. Ambos com a ideia de alcançar aos seus deuses, mas  deuses diferentes. Para o povo pré-inca, os deuses eram os vulcões (seus túmulos são voltados em direção aos vulcões); para os incas, era o sol (seus túmulos são voltados para o Leste, ou seja, para onde o sol nasce); ambos são feitos no ponto mais alto possível, mas com diferenças também. Os pré-incas faziam tumbas individuais, e só da classe mais importante do seu povo. Os incas, tumbas coletivas, para diversas classes sociais, creio.

(paisagem do vale)

                Chegamos ao vilarejo de Chivay, uma palavra em quíchua que significa: lugar de se fazer amor. Vimos uma festa típica da região pela noite, e no dia seguinte às 5 da manhã, nos acordamos para ver outros vilarejos e pelo que é conhecido o vale: A Cruz do Condor. É um local muito alto, onde se pode ver condores voando bem perto. Sem sorte como nós, passaram de longe e muito brevemente. De qualquer forma, valeu muito a pena irmos para lá! É um local cheio de cultura, riqueza e tradição. Próximos destinos: NAZCA E MACHU PICCHU!


(nieve)

(too hardcore)

(túmulo pré-inca)



(dança típica de região)
(Vale)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sem criatividade para título. Desculpa, Brasil.


E cá estou eu de novo.

Uma errata: depois de ler comentários no facebook  muita investigação , descobri que não é costumeiro não tomar banho no Peru por muito tempo. De fato, descobrimos que, na verdade, o chuveiro tava quebrado. Consertaram na sexta, e enfim tomamos banho. Meu maior recorde: 5 dias.

Bem, todos esses dias choveu como se o mundo fosse acabar (2012,hm). Então, acabou que as noites a gente ficou fazendo “pijamadas”. É isso mesmo, compramos pizza, chocolates e outras porcarias e ficamos vendo filme. Legal foi quando eu me esqueci como se chamava isso e disse “pajamada”, que, em bom espanhol, hacer una pajamada é masturbar-se, ou uma orgia, sei lá.

Enfim, o importante é, que no primeiro dia, fomos a experimentar a pizza de um lugar chamado  Tablón. Rapaz, tem pizza de 1 metro por 50 soles. Já viu né. Compramos essa pizzade metade bolonhesa e metade frango, e compramos chocolate. Eu gostei muito, mas meu estômago não. Todos os três tomamos mais Anis para melhorar desse infortúnio, mas valeu a pena, hahaha.
(a pizza. Perfeita)

No dia seguinte, me senti em Nova Friburgo. Choveu como nunca antes na história desse país, e inundou tudo. E eu, correndo de pijama pela rua pra comprar algo pra comer pra ver um filme. Compramos, por 13 soles (uns 8 reais), dois pedaços de frango, um pacote de batata frita, salada, e um suco de milho roxo. É, suco de milho roxo, galera. Para vocês terem uma noção, nem eu aguentei comer tudo que veio. ERA COISA DEMAAAAIS.  Mais Anis.

Daniel tinha que comprar um celular novo e uma daquelas academias domésticas, para malhar em casa. Fomos então para o centro comercial (shopping, dã), e  eis que nos deparamos com os jogadores de um time peruano que Daniel ama. Emocionante, né? (não, HAHAHA). Continuamos a andar, e eis que nos deparamos com uma cena bem brasileira. Mais ou menos. Peruanos jogando capoeira no meio do shopping:

(se esperar até o final do vídeo, vai ver meu sorriso -q)

Descobri uma coisa muito maneira também, e nem precisei sair do meu quarto pra isso. Nesse quarto onde estou dormindo, dormia a prima do Daniel, que foi estudar na Alemanha. Sabe aquelas estrelinhas que tem nos tetos dos quartos? Então, aqui também tem. Mas, aí descobre-se a razão dela ter ido estudar na Alemanha: as estrelas não estão aleatoriamente postas no teto. São as constelações reproduzidas. E adivinha o que o sol? Isso, a lâmpada.


(a constelação de escorpião bem em cima da minha cabeça)

No domingo, comemos um prato chamado Rocoto Relleno no almoço. É picante pra cacete , mas dá pra suportar, desde que você tenha dois litros de coca cola disponíveis. Mais para noite, conhecemos o tio e a tia de Daniel. O seu tio, Marcos, é professor de educação física, e nos deu umas dicas sobre treinamentos e tudo mais. Também nos recomendou alguns lugares para visitar, a irmos as lutas de touro, e comer porquinho da índia. Sabiam que carne de porquinho da índia não tem quase que gordura nenhuma e é rica em proteínas? 

    
             (rocoto relleno)                            (Porquinho da Índia. Trágico.)


Por fim, hoje foi a inauguração do nosso trabalho. “Ah, é só a inauguração, não precisa levar nada.” Chegamos lá e já está todo mundo treinando, e o professor no meio da aula. De basquete, tem uns 20 alunos, entre 8 e 15 anos. Já fui apresentado e assisti um pouco da aula, depois fui treinar os mais novinhos. Eles são umas pestes, mas também são bonitinhos, hahahahahah. Depois tiro uma foto com eles e mostro para vocês!

Ah, por fim, agora já estou conseguindo entender quase que 100% do que eles falam (mentira, uns 80%), e já sei falar quase todos os palavrões. O desespero acabou por hora, hahaha. Hoje chega outro brasileiro, o Geraldo, que vai ensinar futebol também. Quinta-feira chega Verônica, também brasileira, que vai ensinar vôlei. Na outra semana, chega uma mexicana que vai ensinar natação, e uma chinesa que vai ensinar defesa pessoal. Vamos morar todos juntos. Imagina o que vai sair disso (não, não imaginem. Sério.). Como a Verônica só vai chegar na quinta e amanhã é vôlei, eu vou no lugar dela. Agora, se me pedirem pra fazer uma demonstração, ferrou.

   (tá escrito básquet, ali ó)

É isso galera, até a próxima!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Comida, pinga, igreja e banho.

Cá estou eu, em Arequipa, mais conhecida como Cidade Branca, a caminhar com o outro trainee brasileiro (Túlio) e nosso host (Daniel). Aqui tem muuuitas praças, e bem bonitas por sinal. Também há igrejas na mesma proporção, hahhaa.
Bem, vamos a comida de uma vez. Logo no primeiro café da manhã, reconhecemos algo que tem no Brasil: abacate. Fora isso, tinha pão (mas um pouco diferente) e chá. Aliás, no chá, se põe outra bebida chamada Pisco, que ajuda na digestão. É alcoólica, mas bem pouco, quase não se sente. Então, logo no café da manhã, já vimos duas coisas diferentes: o abacate, na verdade, era pra se comer dentro do pão. E a mais interessante, não era açúcar em cima do abacate, mas sim sal, hahaha. Imagina a nossa primeira mordida, como foi a frustração? xD

Passado isso, tinhamos que preparar um slideshow para apresentar para o Comitê da AIESEC local e para a Municipalidade onde vamos trabalhar, dizendo sobre nosso país, cidade, costumes, o projeto em si, e como vamos fazer para ensinar às crianças. Devo o meu a Maria Carolina Barge, que me deu um suporte tremendo.

Almoço: sopa. Ok. Terminamos de comer e já voltamos ao trabalho dos slides. Mas eis que descobrimos um a outra coisa: aqui no Peru, o almoço sempre tem dois pratos, ou seja, EAT ALL THE FOOOOOD
(este sou eu, quando vi o segundo prato)

Agora, sim, fomos a cidade, conhecer um pouco do lugar. Aqui, os cassinos, brigas de galos e touradas são permitidas. Fomos ao cassino e, adivinha? COMIDA DE GRAÇA, RIARIARIARIARIA. É como se fosse um agrado para as pessoas que vão para lá apostar, entendem? Assim, se perdem muito dinheiro, pelo menos tem um mousse de maracujá no fim da noite. Ah, dão vodka também depois das 18h.

Outra parte boa da comilança: o alfajor aqui é 70 centavos de soles (mais ou menos 45 centavos brasileiros) e é boooom demais. Que bom que não vendem por aqui por perto, se não ia voltar obeso / diabético pro Brasil.

Vimos nossas primeira lhamas! Elas estavam comendo, e o Daniel disse que se a gente chama uma lhama e ela não queria ser chamada, algumas vezes ela vem e cospe na sua cara. Elas foram meio antipáticas.

 (lhama)

Um pouco mais tarde, fomos conhecer algumas igrejas e os miradores da cidade, onde poderíamos ter uma uma paisagem. Uma pena que em janeiro aqui chove todos os dias (sério, TODOS OS DIAS), então o tempo estava nublado.


(vista de um dos miradores)



Daniel nos apresentou uma bebida chamada pisco sour, que é feita de limão, canela, clara de ovo, uma bebida típica daqui e, (dã) álcool. Experimenta, ele disse. É fraca, ele disse. É fraca? , ele perguntou. Gostou? , ele perguntou. Não e não, eu disse.
(Pisco Sour. O Túlio bebeu os dois.)

Como última visita do dia fomos a uma igreja daqui, que tem dois salões no mínimo incríveis, mas que não podia tirar fotos. Não pode tirar fotos? CHALLENGE ACCEPTED!

 


Jóias de ouro dentro do salão. CHALLENGE SUCCEEDED!







Ontem fomos a uma festa com os amigos do Daniel, são muito gente boa também! Era na casa de uma menina (rica, muyy rica), eis que lhes explico o que aprendemos logo no primeiro no Peru: Túlio, o outro brasileiro, que gosta de cachaça como só ele, estava conversando com os membros da AIESEC, e eles lhe perguntam:

-Túlio, tu chupas?

-Chupar, que es chupar?

-Ah, si, chupo.

-Bueeeno, qué chupas?

-Yo? Yo chupo pinga.

-Pinga? HAHAHAHAHAHAH

Então galera, no nosso bom e velho espanhol, “pinga” nada mais é do que o órgão sexual masculino, vulgo pênis. Imaginem a cena. O interessante que na festa toooodos experimentaram a pinga brasileira que Túlio trouxe. Gostaram muito, e queriam mais e mais. A los peruanos les gustan la pinga brasileña, es muy rica.

A festa na casa da garota foi muito parecida com a brasileira: todo mundo bebendo, depois todo mundo se pegando, depois todo mundo depressivo, depois compram mais bebida, bêbados de novo, quebram algo, fazem merda, e vão embora. Ah, e me zoam porque eu não bebo, assim como no Brasil hahaha.

Andando pela cidade, também andamos bastante de táxi. Aqui, não há contador de distância, dizendo o preço. Se diz para onde se quer ir e se negocia o preço antes de entrar no táxi. Uns 6 quilômetros podem custar 5 soles, ou seja, 3 reais. Aqui não há ônibus tão grandes como no Brasil, há mais vans. Todas custam 80 centavos de soles também. No entanto, pelo menos eu tenho q ficar agachado, porque a altura é muito baixa.

Em um dos táxis, assim como em todas as festas, rádios, entre outros, começou a tocar Ai Se Eu Te Pego. Daniel pediu pra que a gente falasse português um pouco e cantássemos a música, cantamos tão bem que… o motorista desligou o rádio. Em um dos miradores, também comemos helado de queso. É sorvete de queijo. E pedimos para uma menina que estava servindo tirar uma foto com a gente, parece que ela não gostou muito, hahahaha.


Ah, é a última notícia. Aqui no Peru, não é costumeiro tomar banho todos os dias. E como sou visita, vou seguir as regras da casa. O sonho de toda criança, HAHAHAHA.

Até logo, galera!



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Os primeiros momentos: pura tensão.

Bem, como nem tudo é perfeito, logo começaram os pequenos problemas. O voo de Arequipa, pela manhã, se atrasou, porque a cidade estava com um tempo tão nublado que não se poderia voar com segurança. Com  uma hora de atraso, cheguei em Arequipa! Sinceramente, me senti em Nova Friburgo quanto a temperatura, é muito parecido. Esta época do ano chove todos os dias. O interessante daqui é que é LITERALMENTE um oásis no meio do deserto.

Já saindo o comitê da AIESEC me esperava, mas não sabiam que o voo ia se atrasar tanto, então já estavam lá há um tempão. Conheci todos e depois fomos pegar um táxi. Uma coisa muito interessante aqui é que o preço de tudo é negociável: por exemplo, antes de entrar no táxi, se pergunta qual o preço até algum lugar, e se começa a negociação até um acordo (ou o motorista vai embora, hahaha). Depois d e um tempo, eles começaram a conversar comigo e só veio uma coisa na minha cabeça "NO SÉ HABLAR NADA EN ESPAÑOL! PUTA MIERDA"; todos falavam muito rápido, e eu não sabia responder rápido. Imaginem como é estar em um lugar sem que conheça ninguém, cujo único recurso é a AIESEC, e não se sabe falar a língua de lá, hahah. Pelo menos o inglês me salvou em alguns momentos, e ainda salva.

Uma das coisas que entendi logo de início foi: "Vamos a la playa". Cheguei na casa de um dos AIESECos e eles logo me pediram para arrumar as coisas para irmos, porque a praia a qual eles se referiam era a três horas de distância, e, como o voo já tinha se atrasado uma hora, tínhamos que correr. Já pensei: "ah, como vamos ficar só hoje, vou levar uma camiseta, uma sunga, uma cueca, uma bermuda e um casaco, e vou com essa roupa que já estou mesmo, ótimo.". Botei isso na mochila e fomos. Percebi uma similaridade ENORME com os brasileiros no caminho: peruanos gostam de beber, e muito hahahah. Eu, sem dormir, no meio de um país ainda desconhecido, no meio das únicas pessoas que conheciam, e elas bêbadas.

Saindo de Arequipa, percebo como é um deserto. Tudo que se via eram pedras, areia e mais pedras. Mas isso logo mudou. A neblina voltou e tornou impossível ver mais de 50 metros de distância. Mas, mesmo assim, era uma vista fascinante, pois é muito diferente do Brasil.

Chegamos na praia, e o cenário era assim: um tempo nublado, um lugar com poucas casas, e não há quase nada de plantas. Havia uma grande montanha no caminho, sem uma graminha qualquer. Logo fomos a procurar um lugar para deixar as coisas e ir pra praia. Encontramos com alguns amigos deles e deixamos a mochila em um quarto alugado onde íamos dormir, mas tinha que ser escondido, para que não tivessemos que pagar mais, hahaha. Então, fomos pra praia, e, nossa, que água friaaaaaa, mais ou menos 5 graus. Tenso não? Também foi a primeira vez que tomei banho de sol de roupa hahahaha. Depois de um tempinho voltamos pro quarto para nos prepararmos para a virada de ano e, eis que ouço: "Nossa, nossa, assim você me mata [...]". Eles logo pararam e começaram a cantar e pedir para que eu dançasse, e eu : "Ferrou." Falei que não sabia dançar e deixei pra lá hahah. Fomos então pra tomar banho, e eu tinha esquecido a toalha. Tive que me secar com uma das camisas que eu tinha trazido. Enquanto tudo isso se passava, ainda estava muuuuito nervoso por não entender nada que eles falavam, e não me fazer entender muitas vezes também.


(playa de la punta)

Assim que todos tomaram banho, fomos pra uma festa. Na praia tinha aparecido também uma amiga deles que (graças a Deus) falava português muito bem. Meu sonho é falar espanhol como ela fala português hahaha, A sensação de poder conversar com alguém na sua língua num momento de tensão é ótima.

A comemoração de ano novo aqui também não é tão grande quanto a brasileira. O costume aqui é beber bastante (até aí muito parecido com o Brasil) e ir pra uma festa dançar. Então, logo era quase ano novo, e eu pensando no reveillon carioca, cheio de fogos de artifício, hahaha. Mas tenho que dizer, peruanos sabem se divertir tambémm. Uma parte do grupo ia para uma festa, e a outra ia para uma praça para beber mais. Fui para a festa e, imaginem, eu dancei Ai Se Eu Te Pego, hahahha. Achei que tava mandando muito mal, mas eles gostaram, gente. hahaha.

Depois, voltamos pra casa e, eu todo sujo, sem roupa, sem toalha, nada. Tive que tomar um outro banho um toalha emprestada, e botar a mesma roupa.


No domingo, experimentei como café da manhã uma comida típica de Arequipa: o cebiche: um prato com cebola e pescado, e de acompanhamento uma espécie de milho. Sério, É MUITO BOM. Um pequeno entrave foi que era picante, e era o café da manhã, hahaha. O dia estava mais claro, com um pouco de sol, então voltamos pra praia. Até a areia é diferente da brasileira. É escura, e um pouco mais sólida. Pensei: "vim pro Peru, para parar em uma praia, dançando Ai se eu te pego? No creo". A parte chata era que, como meu espanhol não era tão bom quanto eu pensava, não conseguia dizer quase nada do que queria, e, como, por natureza, quando não conheço as pessoas sou beeem reservado, eles pensaram que eu não estava gostando. Bem, com certeza não era uma praia brasileira, mais quente, com gente com pouca roupa nem vendendo açaí, mas era divertido.



(cebiche: batata doce, milho e pescado)

Mais para tardinha, fomos jogar volei, e olha, para vocês terem uma noção do nível, eu estava ensinando as pessoas a sacar. KKKKK. Ah, uma outra coisa que aqui se pode fazer, e no Brasil não, é andar de carro na praia. De fato, aconteceu uma coisa muito inusitada de noite: um cara provavelmente bêbado começou a dirigir na praia e quase atropelou uma criança, e todos ficaram muuuito irritados. Assim que o motorista parou, uma multidão de pessoas cercou o carro e começou a gritar com ele, e chutar o carro, e não dava para o motorista sair. Foi algo, que, embora espantoso, mostrava que havia um certo "acordo natural" do que se deveria fazer ou não naquele lugar.

A gente ia embora domingo de tarde, mas eles decidiram ficar mais um pouco, e, dessa vez, na casa de uma conhecida, porque estavam sem dinheiro para alugar um quarto. Agora, recapitulando: estava com a mesma roupa há três dias, sem saber me comunicar direito, numa praia, cantando e dançando ai se eu te pego, na casa de uma menina que eu não conhecia, para dormir em uma daquelas espreguiçadeiras para tomar sol. Imaginem minha cara de alegria, hahahahah. Ah, mas também, eles tinham muita paciência comigo, tentavam aprender um pouco de português, e me explicar algo que não entendia, ou falar devagar.

Acordamos na segunda de manha e lá nos fomos a comer cebiche de novo. Mais comida picante. Logo em seguida, voltamos para Arequipa, e meu estômago deu um ataque por causa do cebiche. Ficou todo se revirando e tive que beber um litro de água para melhorar. Engraçado, que não damos valor no Brasil a qualidade de vida que temos. Aqui a água não é tão farta assim, mas há direitinho. Mas, quanto às florestas, isso no Brasil é simplesmente incrivel. A menina que sabia português disse que quando foi ao Brasil foi o que lhe deixou mais maravilhada era que enquanto estava voando por cima do Rio de Janeiro, podia ver o verde da nossa natureza, e não o cinza das areias desérticas.

Chegando em Arequipa, acontece o que me deixa MAIS ENVERGONHADO NO SÉCULO. Queria tomar banho, então fui o primeiro. Mas antes, né, fui no banheiro. Eis que passa três minutos e o meu amigo diz: Nathan, mi hermano me dijo que no hay água.................................................  

Fuck.

Bem, vamos relevar esta parte. KKKKKKKKKKKKKK.


Fomos pro centro da cidade com um ônibus. A passagem para qualquer lugar da cidade é 0,80 soles, uns 50 centavos. MEU SONHO QUE NO BRASIL FOSSE ISSO. Mas também, os ônibus não são muito confortáveis. Como a estatura aqui é mais baixa, o teto dos carros e menor e eu tinha que ficar reclinado hahaha. O centro da cidade é bem legal,com uma catedral enorme, feito de uma pedra do vulcão chamada sevilla, que não é muito resistente, mas é de cor branca. Por isso Arequipa é conhecida como cidade branca :D.

Hoje já estou entendendo um pouco melhor o que eles dizem. Quer dizer, estou entendo beeeem mais. Mas ainda não sei falar direito, hahaha. Estou agora na casa de outro AIESECo, e tem um brasileiro também! Também existem coisas aqui que há no Brasil,  como laranjas, melancias e panetone lol



                            (A plaza de las armas de Arequipa, a catedral é feita e sevilla)

Agora estou um pouco mais calmo e confortável (primeira vez que vou dormir numa cama aqui, hahaha), mas também não sofri lá grandes coisas. As partes tensas foram superáveis. E, como se aprende na vida (e nas aulas de economia), há ciclos de vacas magras e vacas gordas, o que me leva a crer que o amanhã será ótimo! hahahah

A viagem

Saindo do Rio de Janeiro já dava para ouvir ruídos de pessoas falando em espanhol, em Foz do Iguaçu então.. hahah. Engraçado que a primeira pessoa que conversei foi com uma senhora japonesa! Ela me emprestou a caneta dela para que eu pudesse preencher o cartão de imigração, e eu a ajudei traduzindo para o inglês. Depois ela me ofereceu o pão dela, porque tinha trazido comida típica japonesa para comer no voo. Também conheci três brasileiros que iam fazer mochilão de Lima até o Equador, e eles me chamaram pra ir tomar uma cerveja (oi?), mas não fui porque meu voo é muito cedo. Chegando em Lima, fui comer uma coisa no subway e beber INCA COLA (um refrigerante de cor amarela muito gostoso xD), e o atendente logo percebeu que eu não era daqui. "Disculpas", aún estoy un poquito confuso". "Sí, puedo percibir" (risadinha). " Dónde eres?". "De Brasil, Rio de Janeiro." "Ahh, conoces São Paulo? Muyy carooo", "Amigo, en Rio es peor, jajaja." "Ah, pero pelo minos hay chicas bonitas!". Desde então estou passeando no aeroporto porque não to afim de dormir HUAHUAHAU. Também fui numa lan house aqui, e, como não entendia nada da moeda, entreguei 15 soles pro atendente achando que era 4 .-. Aí ele me explicou e devolveu hahaha xD Agora foi o momento épico de encontrar wireless de graça lol